A ausência do M23 é vista como um "fracasso diplomático" para Angola.
Contrariando as expectativas do governo angolano, o grupo M23 não compareceu à reunião marcada pelo presidente João Lourenço para debater a situação na República Democrática do Congo (RDC). Analistas sugerem que as sanções impostas pela União Europeia podem ter dificultado o encontro em Luanda.
3/20/20251 min read


O grupo rebelde M23 já tinha anunciado, na segunda-feira (17.03), o cancelamento da sua ida a Luanda, citando entraves colocados por "instituições internacionais", depois de sanções da União Europeia.
Apesar do anúncio de cancelamento da vinda a Luanda, o Governo angolano manteve, até ao fim, a esperança de mediar, esta terça-feira, um encontro entre o Governo congolês e o o Movimento 23 de Março (M23).
Mas os representantes do grupo rebelde não apareceram. O Ministério das Relações Exteriores informou, em comunicado, que não foi possível realizar o encontro "por motivos e circunstâncias de força maior".
Ainda assim, o Governo angolano refere que, na qualidade de mediador, "continua a envidar todos os esforços para que o referido encontro se realize em momento oportuno, reafirmando ser o diálogo, a única solução duradoura para a pacificação no leste da República Democrática do Congo", lê-se na nota a que a DW teve acesso.
No mesmo dia, os Presidentes da República Democrática do Congo (RDC) e do Ruanda, Félix Tshisekedi e Paul Kagame, estiveram reunidos em Doha, sob a mediação do Qatar, onde reafirmaram o empenho de todas as partes num cessar-fogo "imediato e incondicional" e estabelecer "bases sólidas para uma paz duradoura", de acordo com um comunicado divulgado no final do encontro.
Sanções da União Europeia
O analista político David Sambongo considera que as sanções da União Europeia (UE) contra nove pessoas ligadas às recentes ofensivas do M23 no leste do Congo colocaram um grande obstáculo ao processo de paz de Luanda.
Só o encontro poderia ditar sanções, ou não, contra o grupo rebelde apoiado pelo Ruanda, comenta David Sambongo. "Para este momento em que se conseguiu o contacto com o M23, seria fundamental que as sanções fossem canceladas, para permitir com que as lideranças do grupo entrem em negociação direta com o Governo congolês", diz.